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Segunda-feira, 25 de Julho de 2022 - 09:59:26hs

Oferta reduzida faz arroba do gado subir R$ 18,88 em um mês no Estado

Apesar da alta, preço segue abaixo do patamar de R$ 300 e os custos ao produtor continuam subindo

Por Redação RegionalMS
Oferta reduzida faz arroba do gado subir R$ 18,88 em um mês no Estado

O preço da arroba do boi gordo em Mato Grosso do Sul chegou a atingir R$ 289,76 em primeiro de julho deste mês. No começo do mês de junho, o valor negociado a R$ 270,88, alta de R$ 18,88 por arroba e variação 6,96% em 30 dias.  

Apesar da leve valorização, o cenário continua difícil para o produtor rural, que vende a arroba por valores menores que no ano passado e com custos bem acima.  

Até o fechamento da sexta-feira (22), quando os negócios em MS estavam na média de R$ 282,70, no entanto, o preço arrefeceu. 

Com isso, a alta apresentada no período ficou em 4,36%, ou R$ 11,82 por arroba. As cotações são da Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).  

Segundo a Analista Técnica do Sistema Famasul Eliamar Oliveira, esse cenário foi um adequação à oferta no mercado. 

“A recuperação no preço ocorreu em razão do ajuste da oferta de animais. Os abates de junho foram 6,4% menores que o número de animais abatidos em maio”, disse.  

Apesar de a alta parecer um bom momento para o produtor, os valores estão bem abaixo do que era praticado em 30 de março, quando se pagava R$ 305,35 por arroba.  

De maio para agora, o boi gordo passou a ser negociado com pequena defasagem de 2,43%. Já a vaca gorda saiu de R$ 266,57 para R$ 261,85, variação negativa de 1,77%.  

Quando considerado o período interanual houve queda de 7%. Em 22 de julho de 2021 a arroba do boi gordo era cotada a R$ 304,04, ou seja, R$ 21,34 a mais que no fechamento da última sexta-feira.  

A mesma oscilação foi sentida no preço do boi gordo no mercado futuro. O interessado em travar o animal com preço contratado viu o preço da arroba cair R$ 14,30 de maio para junho, manter-se estável de junho para julho e ter uma leve recuperação do dia primeiro até o fechamento de quarta-feira.  

De acordo com o indicador do Centro de Estudos em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (CEPEA/USP), a defasagem de maio até o momento esteve em R$ 5,20 a arroba, ou 1,58%.  

Segundo o economista do Sindicato Rural de Campo Grande (SCGR) Staney Barbosa de Melo, o mercado encontrou estabilidade nos últimos meses

“Essa estabilidade se seguiu após um período de recuperação que se inicia em maio deste ano e que se consolida em junho, quando a cotação média do boi gordo passou de patamares inferiores a R$ 280,00/@ para próximo de R$ 300,00/@. Atualmente o mercado encontrou um ponto ótimo onde vendedores e compradores estão dispostos a fazer negócio”, analisa.

O economista ressalta que o setor de exportação teve papel importante nessas altas.  

“Um bom indicador que explica essa relação é o dólar comercial, que passou de R$ 4,60 em 20 de abril para os atuais R$ 5,48, uma alta de 19,1% em 2 meses, o que estimulou os preços do setor e colabora como fundamento para possíveis elevações de preço nas próximas semanas”, projeta.

Demanda

Em contrapartida, o especialista coloca a redução da demanda por carne no mercado interno como o ponto de equilíbrio no preço da carne. “Temos uma redução da capacidade de consumo das famílias no mercado interno, que responde por mais de 70% da demanda pela carne bovina brasileira”.  

Segundo relatório da Scot consultoria, o cenário macroeconômico do Brasil pode criar pressão de alta para o preço da carne bovina.  

“Com crescimento, ainda que tímido, projetado para o PIB brasileiro em 2022 e os dados apontando um incremento na geração de empregos formais no acumulado até maio/22, somado aos fatores citados, podemos esperar por preços firmes para a carne bovina”, aponta.

De acordo com os especialistas da consultoria, exportações devem continuar com bom desempenho para o segundo semestre e os abates com expectativa de redução deixam esse cenário de alta ainda mais forte. “Não são esperados ajustes negativos para a carne bovina, ao contrário, os preços devem subir”, finaliza o relatório.  

Além disso, o bom desempenho das exportações e as projeções de abate de bovinos ainda reduzidos para este ano devem corroborar com esse cenário de preços.

Conforme Eliamar Oliveira da Famasul, o limitador ou não para essa pressão será a variável oferta. “Se o número de animais prontos para o abate se mantiver menor não há espaço para quedas”  

Com isso, para o segundo semestre “não são esperados ajustes negativos para a carne bovina, ao contrário, os preços devem subir”, finaliza o relatório.

De acordo com o relatório da IHS Markit, um ramo da Strand and Poor’s global, “os preços mostram tendência de firmeza, uma vez que a grande maioria das plantas opera com baixíssima capacidade operacional e lacunas nas escalas de abate”, relata a consultoria.

A especialista diz que os números até aqui mostram que o mecado externo tende a contribuir para a valorização no preço da arroba.  

“As exportações de carne bovina por MS no primeiro semestre de 2022 superaram em 30% o volume de igual período de 2021. Até o dia 18/07 os números preliminares da Secretaria de Comercio Exterior mostram que o volume diário exportado pelo Brasil supera as 8 mil toneladas e está 7,7% maior que julho de 2021 e supera as 7,2 mil toneladas diárias de junho”, diz Eliamar. 

Custos

O preço da saca de milho no mês de junho fechou em R$75, representando uma desvalorização de 2,45% em relação à maio deste ano. A relação de troca entre o milho e a arroba do boi registrou valorização de 2,06%, sendo com uma arroba foi possível comprar 3,82 sacas de milho (60 kg). Conforme dados do boletim técnico Sigabov, da Famasul.

No entanto, no comparativo anual, observa-se uma diminuição de 0,40% nessa relação,tendo em vista que emjunho de 2021, era de uma arroba para 3,83 sacas de milho.

“O poder de compra do produtor frente ao milho piorou neste mês, visto que a desvalorização da arroba foi maior em relação ao índice da saca do milho”, detalha o documento.

Presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Alessandro Coelho, explica que o cenário se desenha com muita dificuldade há cerca de dois anos.  

“A pecuária de Mato Grosso do Sul sofre com o cenário de oferta de animais. As quedas recentes são comuns neste período por conta da sazonalidade da safra do boi de corte”.

Conforme Coelho, a demanda interna pela carne bovina está muito baixa pela situação vivida no País. Com altas constantes nos preços dos alimentos e inflação galopante nos itens de necessidade básica, o ano deve ser de dificuldade para os pecuaristas.  

“Se você perguntar as cadeias de produção de proteína animal estão sofrendo demais com o aumento de custo de produção, todas elas desde o ovo de galinha até a carne bovina aqui em MS, e essa queda na arroba demonstra isso”. 

 

 

 

 

RODRIGO ALMEIDA, SÚZAN BENITES

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