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Segunda-feira, 28 de Julho de 2025 - 06:34:14hs

Aos 80 anos, artesão de Mineiros mantém viva a arte da madeira e denuncia o abandono da classe

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Por Redação RegionalMS
Aos 80 anos, artesão de Mineiros mantém viva a arte da madeira e denuncia o abandono da classe

Na movimentada feira de domingo de Mineiros, interior de Goiás, um espaço chama atenção: o da barraca simples, mas repleta de esculturas em madeira cuidadosamente esculpidas por mãos experientes. É ali que, aos 80 anos, o senhor Pedro Militão ainda encontra forças para trabalhar com o que ama: o artesanato. Entre apoios de panela, pequenos animais talhados e utensílios de madeira, ele vende sua arte, mas também compartilha um desabafo: o artesão hoje sobrevive, mas raramente é valorizado.

Pedro trabalha em casa durante a semana e expõe suas peças na feira aos domingos. Ele dedica dias para concluir um único item. Ainda assim, o reconhecimento pelo tempo e habilidade empregados em cada peça não vem. “As pessoas olham, acham bonito, mas quando sabem o preço já viram as costas. Acham caro porque não sabem o que é fazer isso com a mão, com paciência, com amor. Mas o produto da China, que é feito por máquina, eles compram sem pensar”, conta o artesão.

A história de Pedro representa o retrato fiel de milhares de artesãos pelo Brasil. Dados da Câmara dos Deputados indicam que a categoria enfrenta problemas como falta de acesso direto ao consumidor, ausência de políticas públicas eficazes, dificuldade de capital de giro, e principalmente, a baixa valorização do artesanato frente a produtos industrializados e importados.

Além disso, muitos desses profissionais, como Pedro, produzem e vendem seus produtos a partir de suas casas, sem uma estrutura comercial formal ou apoio institucional. “A maioria dos artesãos trabalha nos fundos de casa. A prefeitura poderia fazer uma ponte com os turistas, levar eles até nós. Mas não fazem isso. Aí o artesão fica esquecido”, comenta.

Ele também critica a proposta de concentrar o artesanato local em pontos fixos geridos pelo poder público. Para ele, isso apenas encarece os produtos, inviabiliza a venda e desconecta o cliente do processo autêntico de produção. “A beleza está em conhecer a casa do artesão, ver onde ele trabalha, como ele faz. Isso dá valor à peça”, explica.

O senhor Pedro Militão, com suas mãos firmes e olhar sereno, continua resistindo. Na madeira, imprime sua história, sua cultura e sua luta.

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